terça-feira, 21 de agosto de 2012

História do Noviciado Redentorista (parte II)

     Desde o início dos anos 60, discutia-se a ideia da supressão da casa de Pindamonhangaba. Tal decisão ocorreu em agosto de 1966, sendo, então, o noviciado transferido para Tietê, SP, na antiga casa do estudantado. Ao mesmo tempo em que isso ocorria, a Igreja, como um todo, era sacudida pelos bons ventos do Concílio Vaticano II, que trouxe muitas mudanças para a estrutura e organização da vida eclesial. Essas mudanças também ocorreram na Congregação do Santíssimo Redentor, que precisou passar por um processo de renovação. O antigo modelo de noviciado funcionou ainda em Tietê para as turmas de 1966 e 1967.
     Este período foi marcado por muitas dúvidas sobre a maneira de como proceder ou de onde situar o noviciado: se antes dos estudos filosóficos ou se depois deles. Assim, no ano de 1968, fez-se uma experiência com o grupo de 19 seminaristas que terminaram o colegial e foram direto para a filosofia, sem fazer o noviciado, passando apenas por um breve período de preparação e mesclando os estudos de filosofia com momentos de formação religiosa e de espiritualidade. Ao final desse processo, eles fizeram um noviciado de seis meses – essa experiência se chamou “Tempos Fortes”. Em suma, o ano de 1968 foi um período de reflexão sobre como pensar o noviciado dentro de um novo contexto.
      No ano de 1969, ocorreu uma nova mudança de local do noviciado, tendo sido transferido para Potim, SP, onde atuou, como mestre, o Pe. Amador Leardini, que implementou algumas mudanças na formação tradicional, agregando novos elementos trazidos pelo Concílio Vaticano II  e dando maior atenção à formação humana dos noviços.  Assim, Pe. Leardini procurou um meio-termo entre as antigas tradições redentoristas e as novas propostas trazidas pelo Concílio.
      No final do ano de 1969, Pe. Leardini foi eleito Superior Provincial. Para seu lugar, foi indicado o Pe. Júlio Negrizollo, que assumiu como mestre de noviços a partir de 1970. Por um aspecto, ele continuou na linha do antigo mestre, permitindo aos noviços lerem jornais e revistas, assistirem à televisão entre outras atividades. Mas, por outro, no que se referia aos conteúdos essenciais do noviciado, Pe. Negrizollo foi bastante rígido, optando pela linha tradicional de observâncias dos horários, recolhimento, orações e mortificações. Isso provocou alguns descontentamentos entre os noviços, que chegaram até divulgar um manifesto contra os procedimentos do mestre.  
      Em 1971, tendo ainda como mestre o Pe. Júlio Negrizollo, houve uma nova transferência de local do noviciado, indo para Sacramento, MG. Ao mesmo tempo, também se criou outro noviciado em Aparecida, SP, no Seminário Santo Afonso, para os estudantes que haviam passado pela experiência dos “Tempos Fortes” e feito a Filosofia antes do noviciado; foi mestre deste grupo o Pe. Silvério Negri. 
     Muitas das incertezas sobre como situar a etapa do noviciado naqueles tempos de renovação foram esclarecidas, em parte, pela Sagrada Congregação para os Religiosos, que, em 1969, promulgou a Instrução “Renovatio Causum”, em que podiam ser encontradas algumas orientações sobre o noviciado e sua organização. Após muitas discussões na Província, durante os anos de 1970 e 1971, ficou estabelecido que o noviciado deveria ocorrer após a Filosofia e antes da Teologia. Vários foram os motivos para essa decisão, que não foi unânime, pois havia o medo, por parte de muitos, que isso acarretasse a perda de boas vocações, etc. E, exatamente por discordar dessa decisão, a Vice-Província de Brasília (hoje Província de Goiás), criou seu próprio noviciado, em 1972. Devido a essa nova organização, nos anos de 1972, 1973 e 1974, não houve noviços clérigos na Província de São Paulo.   
     Terminada essa fase de transição, a Província Redentorista de São Paulo optou mais uma vez pelo meio termo, pois resguardou e fortaleceu as antigas tradições Redentoristas herdadas dos alemães e implementou mudanças e inovações de modo progressivo e gradual, sem grandes rupturas. Essa postura se mostrou muito acertada, visto que a Província passou por todo esse processo sem ter em seu seio grandes crises ou dificuldades, situação que não aconteceu em outras Províncias Redentoristas do Brasil.
      Entre os anos de 1974 e 1976, o noviciado esteve localizado no Convento do Jardim Paulistano, em São Paulo: no ano de 1974, somente para os candidatos a irmãos e, a partir de 1975, também a clérigos. Uma característica daquele período foi a existência de uma equipe de mestres de noviços. No ano de 1977, o noviciado foi transferido novamente, para São João da Boa Vista, SP, onde permaneceu até 1984. Finalmente, em 1985, o Noviciado retornou a Tietê, SP, onde permanece até os nossos dias sob a proteção de Santa Teresinha.
      No final desta pequena recuperação histórica da etapa do noviciado, na Unidade Redentorista de São Paulo, percebemos que, desde os 5 primeiros brasileiros noviços, que iniciaram seu noviciado sob a orientação do Pe. Lourenço Hobbauer, em 1906, até aos dias atuais, vemos uma forte raiz de espiritualidade, que envolve esse tempo daqueles que almejam a vida religiosa consagrada Redentorista. Uma espiritualidade que não está somente voltada para dentro da própria Congregação, mas também para a formação de missionários que, em diferentes tempos e de diversos modos, sejam capazes de levar adiante o projeto de Afonso, continuado por Geraldo, Clemente, Neumann, pelos treze pioneiros bávaros que aqui chegaram, por nós hoje e por aqueles que virão depois de nós.       
    Daniel Benedito Antônio dos Santos Siqueira

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